sexta-feira, 18 de março de 2011

O amor de Deus

"Deus é amor", assim disse o apóstolo João (1 João 4:16). Entretanto, é difícil medir tal expressão, como é difícil quantificar qualquer sentimento que exista no mundo. Dizer que Deus é amor nos dá uma ideia (errônea) que todo o amor oriundo do ser humano deva ser semelhante ao amor divino, que tais amores só mereciam ser chamados de amores se estivessem perto do amor dEle.
Por conta disso, fiz duas distinções particulares do amor: O amor-doação, típico sentimento que faz com que um indivíduo se coloque em segundo lugar para satisfazer o bem-estar daqueles a quem ele tem apreço; e o amor-necessidade, o mesmo sentimento que nos faz correr para os braços de nossos pais quando sentimos medo, por exemplo. E com esta distinção em mãos, não fica difícil perceber em qual deles o Amor Absoluto mais se aproxima: O amor-doação de Deus foi tão forte, que chegou ao ponto de entregar o seu próprio filho para a resgate de tantos outros, como eu e você (João 3:16).
Porém, o que há de menos parecido com Deus do que o amor-necessidade? Deus não precisa de nada da nossa parte. Ele existe por si só. Você não conseguiria doar algo de si que realmente Deus precisasse, pois ele é onipotente. Este amor, entretanto, é tudo, ou quase tudo que nós temos para oferecer à Ele: somos indefesos, e o nosso Pai celestial é quem cuida de nós (Mateus 6:32). Para o cristão, a saúde espiritual dele é proporcional com o amor que ele tem por Deus. E o amor-necessidade se torna claro quando buscamos o perdão de Deus para as nossas transgressões ou um auxílio em nossas tribulações."Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso (Mateus 11:28)". 
Não digo, porém, que não podemos oferecer a Deus apenas amor-necessidade: a maior parte do nosso amor por Deus é o amor-necessidade. Há aqueles que diriam que podemos dar para Deus o chamado amor-doação, mas tais almas certamente diriam que tal condição é perigosa. Podemos oferecer para Deus o amor-doação, mas tomando a cautela de não ultrapassar e imaginar que não precisamos mais do elemento "necessidade de Deus" em nossas vidas. E aqui chegamos a um ponto crucial e estranho: Em um certo sentido, quanto mais o homem se diferencia de Deus, mais ele se aproxima dEle. O que pode ser mais dessemelhante do que a plenitude e a necessidade, a soberania e a humildade, o poder e o pedido de auxílio? Este é o resultado inevitável da nossa relação com Deus.
Precisamos também distinguir duas coisas que podem ser denotadas como "estar próximo de Deus". A primeira delas é a aproximação por semelhança. Deus criou tudo que podemos ver, e imprimiu neles características de semelhanças com Ele. A fauna, a flora, o nosso planeta e o universo são reflexos da grandiosidade dele, apenas uma parcela derivativa da sua glória. Nós, humanos, possuímos talvez a maior semelhança com Ele: A racionalidade. Os anjos também tem a racionalidade, inclusive os caídos. Então, tanto homens bons e maus quanto anjos ungidos e caídos são semelhantes a Deus neste quesito, são "mais pertos" da natureza divina do que os animais, por exemplo.
Há, porém, a aproximação de Deus de forma de acesso. Tal forma aproxima o homem de Deus para a vontade dEle, a união final da visão e glória de Deus para com o homem. Esta aproximação não depende dele, mas sim de nós. Enquanto a semelhança nos é dada com ou sem gratidão, o acesso à Deus, embora iniciado e mantido pela Graça, é algo que cabe exclusivamente a nós. Não nos tornamos filhos de Deus pela semelhança com Ele, mas recebendo ao seu filho (e a Ele, consequentemente) em nossas vidas (João 1:12). A semelhança com Deus, no final, não vem por formas ou aparências, mas sim com a perfeita consonância com a vontade dEle em nossas vidas. Como o Apóstolo Paulo nos diz, devemos ser semelhantes a Cristo (1ª Coríntios 11:1): o Jesus da carpintaria, o Jesus das multidões e das estradas, o Jesus do Calvário. É a forma que encontramos de dizer "Faça a Tua vontade em minha vida, Deus".

Que Deus te abençoe!

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